sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Desafio Literário: Outubro - Ficção Científica

ASIMOV, Isaac. Eu, robô. Rio de Janeiro: Pocket Ouro, 2004.



Eu, robô é uma coletânea de nove contos que trata da evolução dos Robôs, desde o primeiro modelo que era usado como babá e não falava até os ultramodernos que controlam toda a produção e também a humanidade. Acompanhamos essa história da robótica pelo depoimento da robô psicologa, Susan Calvin. 

Todos os contos apresentam um dilema envolvendo as famosas três leis da robótica que assim como o termo robótica foi uma criação de Asimov e que tem repercussões ainda hoje. As três leis da robótica são: 
Primeira Lei: um robô não pode ferir um ser humano, ou, através da inação, permitir que um ser humano seja ferido.
Segunda Lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto se tais ordens entrarem em conflito com a Primeira Lei.
Terceira Lei: um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira Lei ou a Segunda Lei.
Conta-se que Asimov criou essas leis para superar o que ele chamou "síndrome de Frankenstein", ou seja, que todo ser criado pelo homem iria voltar-se contra ele como um castigo por ter ousado manipular os mistérios da criação. Sendo assim, apesar de existirem sempre conflitos envolvendo as três leis e o relacionamento de homens e robôs em todas as histórias, a solução está justamente nessas três Leis. 

O livro é muito bom. Recomendo sinceramente que todos leiam. Gostei tanto que já comprei outros livros do autor que tratam desse universo dos robôs.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Desafio do Halloween Literário: update 4

BLATTY, Willian Peter. O exorcista. 1. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2013.


O exorcista conta a história de uma menina de 11/12 anos, a Regan, que supostamente é possuída por um demônio. Regan é filha de uma atriz famosa de Hollywood, seus pais são separados, o pai é ausente da vida dela. Ela vive com a mãe, a secretária da mãe, Sheron, e dois outros empregados da casa, Willie e Karl. A mãe de Regan, Cris McNeil, é ateia mas a filha é bastante curiosa sobre Deus e faz perguntas a esse respeito para a secretária, Sheron, que é religiosa. Tudo na vida da família vai indo bem até que Cris começa a ouvir barulhos estranhos vindos do quarto da filha, além disso a filha conversa com um "amigo" imaginário, o capitão Haward" através de um tabuleiro ouija. A partir desse ponto Regan vai ficando cada vez mais estranha e sua mãe a leva a vários médicos para tentar descobrir o que tem de errado com a filha. A situação chega a ficar tão bizarra que os próprios médicos, em determinado momento, recomendam à Cris procurar um exorcista.

A mãe, desesperada procurada o padre Damien Karras para realizar o exorcismo, porém antes que seja realizado este procedimento é necessário comprovar que se trata realmente de um caso de possessão. E assim, durante todo o livro o autor vai narrando o desenrolar da situação sem nunca deixar claro se é uma doença mental ou uma possessão real porque para todos os fenômenos que ocorrem há uma explicação científica ou, ao menos, uma explicação plausível. O leitor com aqueles dados vai decidir se a menina estava ou não possuída. Confesso que cheguei ao ponto que pensei "é mais fácil acreditar que realmente é um demônio agindo do que pensar que toda aquela bizarrice era uma produção da mente de uma menina de 12 anos".  

Enfim, é um livro interessante, principalmente por essa dúvida que o autor apresenta. Afinal Regan estava possuída ou todos os fenômenos sobrenaturais eram resultado de uma doença mental? Leia o livro e tire suas próprias conclusões.

O livro foi adaptado para o cinema em 1973 e é ainda hoje reconhecido como o filme de terror mais lucrativo de todos os tempos. E hoje o filme é um ícone do cinema de horror sendo a menina possuída uma das personagens mais facilmente reconhecidas. Mesmo que você nunca tenha assistido o filme - como é o meu caso - quando você vê o rosto de "Regan" você sabe automaticamente que a personagem é do filme o Exorcista. Para os corajosos fica a dica do filme.

sábado, 25 de outubro de 2014

Desafio do Halloween Literário: update 3

LINDQVIST, John Ajvide. Deixa ela entrar. São Paulo: Globo, 2012.



Deixa ela entrar é um livro de vampiros. Vampiros de "verdade", daqueles que bebem sangue humano, queimam ao sol, morrem com estacas no coração etc.

A história começa com a chegada de duas figuras estranhas a cidade de Blackeberg, um suburbio de Estocolmo. Aparentemente um pai e sua filha. E a partir da chegada dessas figuras começam a acontecer alguns assassinatos bizarros na cidade onde as vítimas são encontradas com o sangue drenado. Simultâneo a isso, temos Oskar um menino solitário de 12 anos que sofre bullying no colégio. Ele é perseguido pelos colegas de escola que o submetem a humilhações cruéis e diárias. Com isso Oskar começa a alimentar pensamentos de matar esses meninos em "brincadeiras" solitárias no parquinho de seu prédio. É assim que ele conhece Eli, a estranha menina que mudou recentemente para o prédio ao lado do dele e os dois desenvolvem uma amizade.

Conforme a leitura avança vamos descobrindo que o homem que cuida de Eli é na verdade um pedófilo e que eles tem uma relação bem bizarra. Porque este homem mata pessoas para conseguir sangue para Eli em troca de favores sexuais. As cenas do livro que envolvem esse personagem são desagradáveis porque temos uma repulsa natural a maneira como ele age. Imagine o grotesco da situação: uma criança que para conseguir alimento se assujeita a um pedófilo que por sua vez para ter garantido seus prazeres sexuais distorcidos mata outros seres humanos. O leitor não consegue ficar indiferente.

Ao mesmo tempo que criamos empatia pela personagem do vampiro porque o autor consegue apresentar para o leitor o complexo que é ser uma criatura que precisa de sangue humano para sobreviver e que para sobreviver precisa ser um assassino. Além do fato de que o vampiro, no caso, é uma criança esse sentimento divido fica ainda mais evidente. Ao mesmo tempo não podemos deixar de notar que Eli garante sua sobrevivência se associando com figuras com algum "desvio". Primeiro, ao pedófilo e depois ao menino que sofre bullying porque através da "fraqueza" dessas pessoas ela consegue garantir sua sobrevivência. No caso de Oskar por ele ser um menino que se sente sem lugar ajudar Eli é, de certa forma, encontrar o seu lugar no mundo. Um lugar onde ele se sente valorizado e reconhecido. O que se pararmos para pensar é cruel. 

Não quero me estender muito nos comentários sobre os eventos do livro para não estragar a surpresa para aqueles que ainda vão ler, mas as cenas de Hakan (o ajudante de Eli) transformado em Vampiro são realmente bizarras. A cena do necrotério é assustadora.

Enfim, é um livro bom e que além de dar nova vida a figura mitológica do vampiro ainda trás outras reflexões importantes. Vale a pena ser lido. 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Desafio do Halloween Literário: update 2

KING, Stephen. Tudo é eventual. Rio de Janeiro: Ponto de Leitura, 1 ed. 2013.


Dando continuidade ao Desafio do Halloween Literário, para a categoria "Mestre do Horror", o livro do Stephen King lido foi: Tudo é eventual, um livro de contos. Pois bem queridos amigos, talvez esta não tenha sido a melhor escolha de leitura para "ilustrar" esta categoria do desafio, mas por que? Porque não foi lá uma leitura muito prazerosa e, veja bem, não é porque eu não gosto dos livros do King, não é isso! É só que, nesse caso, não foi a melhor escolha. 

O livro apresenta quatorze histórias, sendo que destas quatorze apenas cinco realmente foram interessantes para mim. Isso não quer dizer que esta minha opinião seja unanime e absoluta, não. Você pode ter lido e amado e/ou talvez possa vir a ler e amar. É só questão de opinião.

Mas enfim, qual foi o grande problema? Bom, achei os contos um tanto irregulares. Algumas histórias foram realmente boas e outras nem tanto. Do ponto de vista do "horror" percebe-se que aqui este elemento ficou por conta das cenas sangrentas como no caso de "A morte de Jack Hamilton", "Na câmara da morte", "O Vírus da Estrada vai para o norte" e "Almoço no Café Gotham" e menos naquela sensação crescente de medo por algum evento sobrenatural.

Meus contos preferidos foram: "O homem de terno preto" que é a história de um garotinho que tem um encontro nada agradável com o capiroto na beira de um rio. "As irmãzinhas de Eluria", um conto que faz parte da mitologia da série Torre Negra e que me agradou de verdade, despertando o desejo de ler a série. "O vírus da estrada vai para o norte" é a história de um quadro macabro. Realmente gostei muito desse conto foi um dos poucos que realmente me deixou assustada. Muito bom! "1408" o conto sobre o quarto de hotel mal assombrado que teve uma adaptação cinematográfica em 2007 com John Cusack no papel do escritor de livros sobre lugares mal assombrados. O conto é muito melhor que o filme, diga-se de passagem. E finalmente "Andando na bala", aquele conto que foi o ebook mais vendido de todos os tempos. Você sempre ouviu histórias de assombrações que pegam carona, desta vez as coisas se invertem e Stephen nos conta uma boa história. Outros contos que são dignos de menção embora não possam ser classificados como "preferidos" mas que desempenharam seu papel são: "Sala de autópsia 4" é a história de uma homem vivo que todos pensam estar morto e que está numa sala de autópsia prestes a ser "retalhado". Stephen vai aumentando a tesão da cena de maneira magistral. "Tudo é eventual" a história do rapaz que tem um poder especial de "matar" através de símbolos e que é contratado por uma organização para "fazer desaparecer do mapa" algumas figuras. E "Almoço no Café Gotham" sobre um maître surtado que resolve "amolar suas facas". Enfim, um livro irregular mas que ainda assim apresenta algumas boas histórias.

Aqui o trailer do filme 1408 baseado no conto de Stephen King:



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Desafio do Hallloween Literário - Update 1

QUIROGA, Horácio (1878-1937). Contos de amor, de loucura e de morte. São Paulo: Abril, 2010. Clássicos Abril Coleções; vol. 31)



O livro que li para a categoria "Curto e grosso" do Desafio do Halloween Literário foi "Contos de Amor, de Loucura e de Morte" do uruguaio Horário Quiroga. Logo que iniciei a leitura pensei "hum...não é bem o que eu esperava". Não que os contos fossem ruins, longe disso, são ótimos. Mas são contos, como sugere o título, sobre amor, loucura e morte. Lógico que conforme fui lendo me convenci de que o livro cabia sim para o Halloween Literário, pois muito embora não seja um livro propriamente de horror tem alguns contos que representam muito bem o gênero, como é o caso do clássico "O Travesseiro de Plumas" e também "O solitário", "A galinha degolada", "Os barcos suicidas", "A insolação" e "Mel silvestre".

O interessante nos Contos do Quiroga é que horror não tem origem sobrenatural, pelo contrário, o horror tem causas muito naturais como no caso de "O travesseiro de plumas" onde acompanhamos uma jovem esposa definhar no leito nupcial, abatida por uma anemia sem causa aparente ou em "Mel silvestre" onde assistimos com horror a morte de um contador que resolve se aventurar na floresta e provar alguns favos de mel. Ou ainda o  horror está presente no próprio ser humano como é o caso dos contos "O solitário" e "Galinha degolada". 

Os únicos contos que apresentam um tom mais insólito são: "Os barcos suicidas" e "A insolação". Neste primeiro, tripulantes de um navio comentam histórias de barcos onde a tripulação desaparece deixando seus barcos a deriva até que uma dessas figuras, que até então só ouvia os relatos, se apresenta como sobrevivente de um desses barcos relatando como em um determinado ponto do oceano a tripulação do barco enlouqueceu e se atirou ao mar. Já  em "A insolação acompanhamos, sob o ponto de vista de uma matilha de cães, como a morte ronda a casa de seu dono. Aliás este foi o meu conto preferido.

Enfim, um livro ótimo, de ótimos contos e que vale a pena ser lido.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Desafio Literário: Setembro - um livro de série

ADAMS, Douglas (1952 - 2001). O guia do mochileiro das galáxias. São Paulo: Arqueiro, 2010.



O guia do mochileiro das galáxias é o primeiro volume da série do Mochileiro das galáxias escrita pelo Douglas Adams. Neste primeiro volume somos apresentados aos personagens: o inglês Arthur Dent e seu amigo intergalático Ford Prefect. Mais adiante ainda conhecemos o ex-presidente da galáxia (e atual fugitivo mais procurado), Zaphod Beeblebrox, Trillian uma terráquea, o robô deprimido Marvin e a nave Coração de Ouro.

Tudo começa quando a Terra é destruída pelos Vogons, criaturas desagradáveis, burocráticas, intrometidas e insensíveis e que compõe os piores poemas do universo, sendo Arthur Dent o único humano sobrevivente. Athur é salvo pelo seu amigo Ford Prefect que passou 15 anos na terra se passando por um ator desempregado enquanto fazia pesquisas para a mais nova e atualizada edição do guia do mochileiro das galaxias.

Depois de serem resgatados da morte pela nave Coração de ouro Arthur e Ford passam a fazer parte da tripulação da nave coração de ouro juntamente com Zaphod Beeblebrox, Trillian e Marvin e passam a viver aventuras intergaláticas, isto porque  Zaphod Beeblebrox tem em seu cérebro (ou nos dois, pois Zaphod possuí duas cabeças) informações importante acerca da universo e tudo mais e toda a galaxia está a procura dele.

O guia do mochileiro trás inúmeras tiradas humorísticas acerca da burocracia, dos políticos e de várias instituições. Sem contar a personagem do Marvin que com o seu tom sempre mórbido e  depressivo não deixa de nos fazer rir.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Desafio do Halloween Literário 2014




Hoje estava acompanhado mais um vídeo de Informes da querida Claire Scorzi, quando ela mencionou o Desafio do Halloween Literário para o qual ela tinha sido desafiada pelo Rubens do Canal Ler Vicia. Quando a Claire falou sobre o desafio já me animei a participar visto que já tinha separado uma lista de livros do gênero suspense/terror  para o mês de outubro porém depois de assistir ao vídeo do Rubens e ver seu entusiasmo com o gênero também me senti intimada a participar. O Rubens em parceria com o Rafael do blog Biblioteca do Terror desenvolveu o Desafio que consiste em:

1 - Fazer uma postagem no blog ou vlog falando que vocês está aceitando o Desafio do Halloween Literário apresentando a lista dos livros respeitando as categorias listadas pelo Rubens no vídeo. Se você não possuir um blog ou canal no youtube, não há problema apenas vá ao canal do Rubens e apresente sua lista.

2 - Ao final do mês fazer um post ou vídeo sobre suas leituras.

3 - As categorias sugeridas são:
- Mestre do Horror: Stephen King, isto é, qualquer livro de horror escrito pelo King;
- Criaturas sobrenaturais (vampiros, lobisomens, fantasmas, monstros);
- Horror Cinematográfico (um livro que virou filme ou vice-versa);
- Clássicos (livros clássicos do gênero de suspense/terror);
- Curto e Grosso (um livro de contos do gênero de suspense/terror)

Eis a minha lista:

1 - Mestre do Horror: Tudo é Eventual (Stephen King)
2 - Criaturas sobrenaturais: Deixa ela entrar (John Ajvide Lindqvist)
3 - Horror Cinematográfico: O Exorcista (William Peter Blatty)
4 - Clássico: Frankenstein ou O Prometeu Moderno (Mary Shelley)

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Desafio Literário: agosto - Um livro sobre bruxa

BRADLEY, Marion Zimmer (1930-1999). As brumas de Avalon: A Grande Rainha vol. 2. Rio de Janeiro: Imago Ed., 2008.



Neste segundo volume das Brumas de Avalon a personagem em destaque é Gwenhwyfar que como o título do livro sugere é a Grande Rainha da Bretanha e esposa do Grande Rei, Artur. Neste volume a autora apresenta como Gwenhwyfar sendo uma rainha católica influenciou Artur a tornar a Bretanha uma nação católica abandonando os ritos a antiga Deusa pagã. Portanto, Gwenhwyfar  está em oposição ao pensamento de outras personagens importantes para a história como a senhora de Avalon, Viviane, e Morgana. Gwenhwyfar  chega a ser fanática e um tanto louca quando tenta impor sua religião (e também sua vontade) aos outros.  Acompanhamos também o desenrolar do amor de Gwenhwyfar  pelo primo, amigo e cavaleiro de Artur, Lancelote. Amor reciproco mas adultero o que provoca severas dúvidas na Rainha. Ela fica dividida entre manter-se fiel e honesta ou ceder ao desejo.

Apesar de neste segundo volume Gwenhwyfar  ser a personagem em destaque acompanhamos também o desenrolar da história de outras personagens como: Morgana, Viviane e Ingrane. Particularmente gostei mais deste segundo volume apesar de ter me irritado diversas vezes com Gwenhwyfar  a leitura desde segundo volume  fluiu mais facilmente. E é claro gostei muito mais desta Morgana "rebelde" e dona do seu destino do que da submissa sacerdotisa refém dos quereres da Grande Senhora de Avalon do primeiro volume. Uma leitura recomendada aos amantes de fantasia épica e em especial àqueles que gostam da história do Rei Artur.

sábado, 28 de junho de 2014

Projeto Leitura Cronológica (dos Contos): Várias Histórias

ASSIS, Machado de (1839-1908). Várias Histórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.



Mais uma vez Machado reúne nesta coletânea, publicada em 1895, boas histórias. Desta vez, o destaque fica por conta da história abre alas, A Cartomante. Aliás, este é um dos contos mais conhecidos e Machado e trás como tema o adultério - tema aliás muito presente na obra do autor - com um final que se não fosse trágico seria cômico.

Outro conto de destaque é a Causa Secreta. Este lembro de ter lido na escola e já naquela época me deixou uma impressão profunda. Ainda lembro da sensação de surpresa ao descobrir qual causa secreta movia aquele homem, sem contar o choque da cena grotesca com o rato. Desta vez, talvez por já conhecer a história (quase de cor porque o li algumas vezes) a impressão não foi mais aquela mas ainda assim a cada vez que termino esse conto meu único pensamento é: Machado é um gênio.

Esta coletânea conta ainda com Conto de Escola, também um dos mais conhecidos de Machado e que é divertido e irônico como só Machado consegue ser.

sábado, 14 de junho de 2014

Desafio Literário: Junho - Um livro de autor brasileiro

TERNO, Walter. Cira e o velho. São Paulo: Giz Editorial, 2010.


"Não terei chance alguma, sei disso. Ela também sabe".


Cira e o Velho do autor nacional Walter Tierno conta a história de Cira uma bruxa guerreira que depois de perder a mãe assassinada pelo bandeirante Domingos Velho decide caçá-lo em busca de vingança. 

A história começa a ser contada ao leitor por um narrador-personagem que vai nos dizendo como e porque ele resolveu buscar a história de Cira. Ele vai nos contar que conheceu Cira em uma figurinha colecionável em um um jogo de bafo e que a partir daí aquela figura exerceu um fascínio sobre ele. Então ele decide sair pelo Brasil de hoje procurando figuras folclóricas que tenham tido contato com Cira e a partir desses relatos nos contar a história dessa figura fascinante.

Um detalhe que me chamou atenção é que uma das personagem apresentada como "vilã", a Maria Caninana, é vilã porque decide sair em busca de vingança porque sua a mãe foi assassinada tal qual a mãe Cira, a heroína. Tudo bem, que os métodos de Maria Caninana não eram lá tão ortodoxos e envolviam matar criancinhas e pactos com o senhor das mentiras. Mas acredito que seja o desejo de vingança a qualquer custo que faz Cobra Norato, o pai de Cira, reconhecer na filha a sua irmã.

Os relatos que o narrador-personagem vai colhendo vão mesclando Brasil do século XVII e os dias de hoje. Uma narrativa bem interessante e o desenvolvimento da história envolve o leitor. Mas o que realmente se destaca é o final que surpreende. Ual...não confie tanto no narrador.



domingo, 11 de maio de 2014

Desafio Literário: Maio - Uma biografia

MALCON, Janet. A mulher calada, Ted Hughes e os limites da biografia. 1ªed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.


"O tempo cura as feridas, alisa, limpa, oblitera; a história mantém as feridas abertas, enfia o dedo nelas, escava e as faz sangrar." (MALCON, 2012, p.73)

Sylvia Plath sempre exerceu sobre mim um fascínio inominável. Ouvia, assitia e lia comentários a respeito de sua obra, sua vida e seus "problemas mentais" e sua morte trágica, o suicídio.

Enfim li uma biografia sobre ela. Janet Malcon - a autora da biografia - ao escrever sobre Sylvia tenta também apresentar ao leitor as delicadezas de escrever uma biografia principalmente quando pessoas que fizeram parte da vida íntima do biografado, principalmente parentes, ainda estão vivos.

A princípio Malcom tenta ficar imparcial no seu texto. Não condenar Ted Hughes e sua irmã Olwyn, como fizeram outros biografos, e tenta não mistificar ainda mais a figura de Sylvia Plath. Não posso dizer se ela teve êxito com os leitores de sua biografia em geral, mas comigo receio que não. Acredito que já estava tão arraigada em mim a ideia da "vilania" dos irmãos Hughes que ter simpatia por eles é difícil.  

Mais adiante na biografia fica claro - e ela mesma aponta - sua simpatia aos irmãos Hughes e a biografa Anne Stevenson que também escreveu uma biografia sobre Sylvia (Bitter Fame) e sofreu severas críticas quando publicada.

Fiquei insatisfeita com esta biografia. Pouco é dito sobre a vida de Sylvia ou sua obra, a autora está mais interessada em nos falar da dificuldade de se produzir uma biografia. Os fatos da vida de Sylvia são lançados esparsamente ao longo do texto, talvez pela "simpatia" aos irmãos Hughes, confessada pela a autora, ela tenha optado por dizer o menos possível sobre as partes mais "íntimas" da vida de Sylvia. Na verdade o que Malcom conseguiu foi me deixar com vontade de ler um biografia sobre Sylvia escrita por Jacqueline Rose (The haunting of Sylvia Plath) que parece ser, de fato, uma biografia sobre Sylvia Plath.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Projeto Leitura Cronológica (dos Contos): Histórias sem data

ASSIS, Machado de. Histórias sem data. Editora: Centaur, 2012.



Mais uma vez Machado de Assis consegue me deixar entusiasmada com a leitura de seus contos. Em Histórias sem data ele reúne treze contos para falar sobre as idiossincrasias de sua época. Mas o que é surpreendente  é que muitos dos temas expostos ainda são relevantes hoje.

Dos contos apresentados aquele que mais gostei foi: A igreja do diabo. Um conto incrível que fala sobre a condição do ser humano de desejar e perder o interesse tão logo o objeto desejado seja alcançado. E como Deus diz ao Diabo na parte final do conto: "Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana".

Acredito ainda que esse conto "abre-alas" é mesmo uma espécie de prefácio as outras contradições humanas que se apresentam nas histórias seguintes. Como por exemplo: a amante que ama o amante mas que supostamente o trai com outro homem. A mulher que teima que o marido troque seu chapéu usual por outro e quando este finalmente o faz ela pede que ele retorne ao uso do outro. Entre outras.

Outro conto que gostaria de destacar é: A segunda vida. Também achei-o particularmente interessante por conta da tensão na cena narrada. Um homem louco confessando a um padre a sua loucura. O padre assustado manda que busquem ajuda enquanto isso a narrativa do louco vai crescendo, crescendo até o momento final que deixa o leito preso num suspense. Muito bom. 

domingo, 4 de maio de 2014

Auto da Compadecida

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira (saraiva de bolso), 2012.


O auto da compadecida é uma peça cômica do escritor paraibano Ariano Suassuna. Inspirada em episódios da literatura de cordel apresenta as aventuras dos amigos picarescos João Grilo e Chicó na cidade de Tapiroá.  Retrata ainda elementos da cultura e do cotidiano do povo nordestino nos anos 50 e que ainda permanecem presentes  - mesmo que no imaginário - deles. Como por exemplo: a religiosidade, o cangaço e até o coronelismo. E é claro as peripécias daqueles que não têm nada mas precisam sobreviver.

Escrita em 1955 a peça teve sua primeira montagem em 1956. Também gerou algumas adaptações para TV e cinema sendo a última uma adaptação de Guel Arraes em 1999. 

Uma leitura rápida e garantia de algumas boas risadas.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Jango: a vida e a morte no exílio (Jurandir Machado da Silva)

SILVA, Juremir Machado da. Jango: a vida e a morte no exílio. 2. ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2013.



Nesse ano em que se lembrou os 50 anos do Golpe de 1964, este livro é uma leitura relevante. E conhecer a nossa história é fundamental. Aqui Jurandir nos apresenta os antecedentes que levaram Jango ao exílio e as circunstâncias que se fizeram presente para a implantação do Golpe civil militar e também  a vida e a morte de Jango no exílio como o título sugere. Tudo isso numa narrativa jornalística.

Dos fatos apresentados aquele que mais me indignou foi a participação financeira e intelectual dos EUA no Golpe. E tudo baseado na paranoia americana do comunismo. Por conta de especulações ajudaram o Brasil a mergulhar em mais de 20 anos de ditadura.

Sobre as especulações sobre o assassinato de Jango, apresentada primeiro pelo uruguaio "amigo" de Jango, Foch Diaz, segundo ele por interesses financeiro, e a versão apresentada anos depois por Neira Barreiro por motivações políticas. Apesar de declarar-se cúmplice no assassinato de Jango e se dizer ex-agente secreto do Uruguai, a versão de Neira apesar de verossímil não é totalmente convincente. Essas versões levantam e alimentam a suspeita do assassinato o que acredito ser realmente possível. Espero que as novas investigações (abertas recentemente) possam trazer a verdade à tona.     

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Desafio Literário: Abril - um livro escrito por uma mulher

BEAUVOIR, Simone (1908-1986). A Mulher Desiludida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2. ed., 2010.




"Coisa curiosa é um diário! O que se cala é mais importante do que o que se escreve."  

A Mulher Desiludida é um livro de muitas emoções. Não há como passar incólume a leitura desse livro. 

Simone reúne aqui três contos. Três mulheres. Três histórias. No primeiro conto, A idade da discrição, acompanhamos os dilemas de uma mulher ao envelhecer. A solidão, o comodismo do marido,  o rancor pelo filho, a frustração com seu trabalho e a sua própria rigidez com relação ao mundo. É um conto interessante para refletir sobre os rumos de nossa vida e o que esperamos do futuro.

Já o segundo, Monólogo, acompanhamos a narradora debatendo consigo mesma as mazelas de sua vida. Suas queixas da infância, seus dois casamentos fracassados, o suicido da filha. Ela está o tempo todo acusando a todos e se isentando de qualquer responsabilidade sobre qualquer coisa, entretanto, ao mesmo tempo, observamos em sua fala sua parcela dos acontecimentos que a levaram aquele momento de solidão.

A Mulher Desiludida, o último conto e também aquele que nomeia o livro, foi o que mais me afetou. É  narrado sob a forma de um diário e aqui acompanhamos uma mulher aos quarenta e quatro anos descobrindo que o marido tem uma amante. A maneira como essa mulher recebe essa notícia e a forma como ela lida com isso é muito enervante. Sua passividade desmedida e sua anulação. Mas ao mesmo tempo aquele marido cúmplice disso tudo que alimenta a sua obsessão. Porém, não deixamos de  nos penalizar por sua situação.

Nenhum dos contos trás uma solução, um fechamento...são apenas os fatos. Fatos que transbordam emoção. Acredito que de todos os contos, o primeiro, é o mais leve. Embora não tenha solução ao menos nos fica a ilusão de que tudo vai ficar bem. Já os outros dois são mais crus. Mas não é a vida bem desse jeito? Só depende do sujeito o passo para a mudança (ou não). Ainda assim, espero que Monique tenha encontrado ao algo de bom atrás daquela porta fechada...que tenha sido o começo de um nova jornada.

  

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Projeto Leitura Cronológica (dos Contos): Papéis Avulsos

ASSIS, Machado de, (1839-1908). Papéis Avulsos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.


"A vida, é uma enorme loteria; os prêmios são poucos, os malogrados inúmeros, e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante". 


Nesta coletânea de contos, Papéis Avulsos, Machado nos apresenta um conjunto interessante de boas histórias, entre elas: O alienista, O espelho e Teoria do medalhão. Eu particularmente destaco os contos: O alienista, A chinela turca e O espelho como os contos mais interessantes desta coletânea.

Em O alienista - o conto mais longo do livro - o médico Simão Bacamantes inaugura na cidade de Itaguaí um local para tratar os loucos da cidade, a Casa Verde. Porém acaba deixando a cidade em pânico com suas ideias sobre o que é ou não loucura. Embora o leitor possa desconfiar da sanidade do alienista o final do conto não deixa de surpreender. Em A chinela Turca acompanhamos a agonia de um jovem obrigado a ouvir a narrativa entediante de um amigo. Enquanto ouve a narrativa do animo eventos estranhos acontecem. Genial! O espelho conta o estranho caso de um jovem que por estar tão identificado como seu título de "alferes" que a sua existência ou não passa a depender desse título. Muito bom!

terça-feira, 1 de abril de 2014

Garota, interrompida

KAYSEN, Suzanna. Garota, interrompida. São Paulo: Editora Gente, 2013.


"Interrompida em sua música: tal qual acontecera com a minha vida, interrompida durante a música dos 17 anos, tal qual a vida dela, roubada e presa a uma tela; um momento congelado no tempo mais importante que todos os outros momentos, quaisquer que fossem ou viessem a ser. Quem se recupera disso?" (Kaysen, p.187 In: Gatora, Interrompida, 2013)

Garota interrompida é um livro autobiográfico da autora Susanna Kaysen. Neste livro ela narra alguns episódios que viveu entre os anos de 1967 e 1968 quando esteve internada no Hospital Psiquiátrico McLean.

Antes de ler o livro não tinha ideia que se tratava de um relato autobiográfico. E também não tinha assistido ao filme (Girl,Interrupted 1999). Imaginava que o livro contava a história de uma garota problemática, talvez uma rebelde. Mas logo no primeiro capítulo percebi que o livro era muito mais que isso. A autora me surpreendeu pela forma direta com que conta a sua história. E foi interessante ver ali em seu relato como pessoas consideradas "desviantes" de um modelo social estabelecidos facilmente eram catalogadas como loucas.

Aos 19 anos Susanna estava um pouco perdida em suas escolhas de vida. Mas quem aos 19 anos está absolutamente certo sobre o seu futuro? É claro que também tinha a questão da depressão que a levou à uma tentativa de suicídio e que por consequência a levou a fatídica entrevista com o psiquiatra que culminou na sua internação no Hospital McLean. Ela obviamente precisava de uma ajuda mas a internação em uma instituição psiquiátrica foi uma medida extremamente radical.

Quero crer que não haja mais internações por "promiscuidade" ou "risco de gravidez". Mas sabemos que hoje, cada vez mais, os comportamentos humanos tem sido catalogados e anexados aos Manuais Diagnósticos (CID X e DSM V). Susanna levanta discussões interessantes em seu livro, além da discussão sobre o que seria ou não seria loucura ela também questiona a dicotomia Mente X Cérebro onde ela apresenta os avanços da neurociência e consequentemente a descoberta de novos medicamentos que se propõem a "reparar" aquela falta no cérebro que deixou o individuo maluco e antiga psiquiatria (e também a psicanalise) que se propunha a tratar o sujeito através da palavra.

Garota, Interrompida é um livro interessante que levanta várias questões pertinentes e que permanecem atuais ainda hoje. Leitura recomendada.

domingo, 23 de março de 2014

O Guarani

ALENCAR José. O Guarani. In: Obras Completas de José de Alencar (edição Kindle)


"Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e límpidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o vôo".

Aprendemos das nossas aulas de literatura na escola que o livro, O Guarani, segundo romance de José de Alencar, primeiro romance indianista brasileiro, tem como objetivo criar o mito do herói brasileiro. Enquanto na Europa o herói é o cavaleiro medieval no Brasil o herói é o índio.

Pois bem, Alencar então traça o perfil de um índio corajoso e cheio de honra que tem como objeto de sua devoção a moça branca, Cecília, por quem é capaz de inúmeros atos heroicos.

O livro passa pelo " romance de quadrilha": Isabel amava Álvaro que amava Cecília que amava Peri (embora só se dê conta disso nos momentos finais) e que também era amada pelo italiano Loredano, o vilão. Até a caça ao tesouro, traições e batalhas épicas. Certamente com o objetivo de agradar a uma variedade de leitores.

O romance é dividido em quarto partes. Na primeira delas Alencar apresenta ao seu leitor o cenário e as personagens. Na segunda trás à luz alguns eventos anteriores que explicam o momento que encontramos as personagens na primeira parte e também nos ajuda a entender os eventos que levarão ao desfecho narrado na terceira e quarta partes do livro.

O Guarani é em geral um bom livro. Porém tem vários momentos na trama que irritam o leitor. Um deles, a personagem de Cecília, que é muito egoísta (embora no final mude, um pouco, sua atitude). Achei estranho que esta mocinha do período romântico carregasse este traço defeituoso. Não quero dizer com isso que as mocinhas devam ser perfeitas, pelo contrário, mas me pareceu diferente uma mocinha romanesca egoísta visto que em geral as mocinhas romanescas são seres perfeitos e resignados. Alencar até tenta dizer que ela é um anjo e tal mas não passou despercebido, aos meus olhos, o egoísmo de Ceci. Suas atitudes para com Peri, sua prima Isabel e também com Álvaro são insensíveis. 

Além disso, traz aquelas reviravoltas típicas de folhetim que pretendem surpreender o leitor e capturá-lo a trama. Ok, reviravoltas podem ser interessantes mas alguns elementos me pareceram exagerados. Como por exemplo, Peri era alguma espécie de gato de sete vidas? Por que convenhamos... Quantas vezes alguém pode "quase morrer" e depois sair sem nenhum aranhão? E aquele momento de Isabel e Álvaro no "quarto de virgem"? O que foi aquilo? Espero que você me responda "um delírio provocado pelos veneno aromático" porque a outra resposta é INACREDITÁVEL.

Enfim, apesar de algumas ressalvas O Guarani consegue prender o leitor até o final. Final que, aliás, termina em aberto deixando o leitor "decidir" o que aconteceu afinal com Peri e sua Ceci.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Coisas Frágeis (Neil Gaiman)

GAIMAN Neil, Coisas Frágeis. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2010.



Coisas Frágeis é uma coletânea de contos do autor Neil Gaiman em dois volumes. Estes contos já haviam sido publicados em outras coletâneas de contos e que Gaiman resolveu reuni-las nestes livros. Na introdução do livro além de nos apresentar o livro em si Gaiman faz uma pequena introdução para cada conto do livro e foi interessante ler sobre de onde surgiu a ideia para o conto e também o que ele pretendia com cada história. A maioria das histórias foram feitas sob encomenda para alguma publicação.

No primeiro volume Gaiman nos apresenta nove contos. São contos peculiares, alguns bem estranhos. Uma mistura de boas histórias com outras nem tão boas assim. O conto que abre a coletânea, Um estudo em esmeralda,  é uma releitura diferente de um estudo em vermelho do Conan Doyler. Eu particularmente me divertir lendo este conto e apesar de não ser a maior fã de livros de detetive me deu vontade de ler Sherlock Holmes.

A vez de outubro também é um conto interessante. São os mês do ano que se reúnem em volta de uma fogueira para contar  histórias. E agora é a vez de outubro e como não poderia deixar de ser, outubro conta uma história estranha sobre um menininho no cemitério e é claro o conto termina num suspense. Na introdução para este conto Gaiman diz que escreveu este conto enquanto estava desenvolvendo as personagens do livro do cemitério. 

Lembranças e Tesouros é um conto que eu incluiria no grupo "dos contos estranhos". Conta a história de Smith e do senhor Alice. Personagens que não me provocam nenhum carisma. 

Os fatos no caso do desaparecimento da senhorita Finch é um conto bizarro sobre um cara que vai encontrar uma moça - amiga de um casal de amigos deles - e que eles acabam num circo pra lá de estranho no qual a senhorita Finch desaparece de uma forma muitooo bizarra após participar de um número especial do circo. É uma loucura mas gostei do conto.

O problema de Susan é um conto no qual Neil Gaiman tenta dar um final para a personagem Susan das Crônicas de Narnia. Para quem leu os livros C.S. Lewis sabe que Susan não vai ao paraíso de Aslam então neste conto Gaiman se propõe a dar esse final.

Golias foi um conto que ele fez a para o site do filme Matrix antes do lançamento do filme. Eu adorei este conto, sabe, toda aquela história de realidade alternativa, tudo muito louco.

Como conversar com garotas em festa um conto sobre dois garotos que acabam numa festa estranha com garotas "sobrenaturais". O conto tem um certo humor e envolve seres extra-terrestres. Gostei.

O pássaro do Sol  é, na minha opinião, o pior conto do livro. É sobre um grupo de pessoas estranhas que gostam de experimentar comidas exóticas. Elas estão entediados porque já comeram de tudo até que um personagem "X" propõe que eles façam uma viagem ao Cairo para provar uma iguaria especial, o pássaro do sol. Apesar do final ser surpreendente a narrativa é chata.

O último conto do livro, O monarca do vale, é mais um conto que trás Smith e senhor Alice como personagens. O conto é razoável e o ponto positivo é que Senhor Alice não consegue seu objetivo no final.

GAIMAN,Neil. Coisas Frágeis 2. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2010.


Neste segundo volume de Coisas Frágeis, Neil Gaiman trás alguns poemas além dos contos. Dos poemas o meu preferido é A Câmara Secreta um poema sobre o Barba Azul e suas esposas. Mas nesse poema Barba Azul não dá o aviso de que sua esposa não deve abrir aquela determinada porta e sendo assim o que acontece? Adorei.

Dos contos, neste segundo volume, os que mais me chamaram atenção foram: Noivas Proibidas dos Escravos sem rosto na casa secreta da noite e  do temível desejo. Um conto sobre um jovem autor que está tentando escrever uma história de terror mas coisas estranhas acontecem enquanto ele está escrevendo o seu texto. 

O cascalho da Memória é um conto baseado numa fato real e inexplicável na infância de Gaimam. E Hora de Fechar é um conto sobre pessoas que se frequentam um determinado bar e um dia resolvem contar estórias de fantasmas. Então uma dessas pessoas conta uma história de um encontro insólito com umas crianças no seu bairro e o que aconteceu a partir desse encontro. O final do conto é surpreendente. 

Pó Amargo também é um conto muito interessante sobre um cara que numa circunstância estranha assume a identidade de um antropólogo que estava indo dar uma palestra sobre crianças zumbis. Muito bom.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Desafio Literário: Março - um livro de suspense

LEHANE, Dennis. Ilha do medo. 2ª. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


"A simpatia é o luxo dos que ainda acreditam na verdade essencial das coisas. Na pureza e nas cerquinhas brancas em torno das casas e das famílias". (In: Ilha do Medo, p. 130)

Incrível. Esse é um suspense que vai deixar você desconfiado de tudo.

Tudo começa com a chegada de dois policiais (xerifes) Teddy Daniels e Chuck Aule a ilha Shutter que abriga um hospital psiquiátrico para criminosos loucos e violentos. Os policias estão lá para investigar o desaparecimento de uma paciente, Rachel Solano. Porém logo eles descobrem que há algo muito estranho acontecendo na ilha e a busca por resposta leva o policial Taddy Daniels a uma descoberta surpreendente. E você, leitor, será levado a acreditar, desacreditar e a duvidar de tudo. E para mim o enigma maior está no prologo do livro - um relato do doutor Lester Sheehan posterior aos acontecimentos do livro - porque quando você pensar que chegou ao fim, volte ao prologo, leia de novo e você vai permanecer incerto de tudo. Sensacional.


Em 2010 , o diretor Martin Scorsese levou aos cinemas a adaptação dessa obra de Dennis Lehane com Leonardo Dicaprio e Mark Ruffalo nos papeis dos xerifes Teddy Daniels e Chuck Aule. O filme é extremamente fiel ao livro, aliás a adaptação mais fiel que tive oportunidade de assistir. Tanto o livro quando o filme são incríveis. Altamente recomendado para quem gosta de um bom suspense!


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Pinóquio

COLLODI, Carlo (1826-1890). As aventuras de Pinóquio: História de um boneco. São Paulo: Cosac Naify, 2ª. ed., 2012.


"As mentiras, meu menino, são logo reconhecidas, pois são de duas espécie: há mentiras que têm perna curta e mentiras que têm nariz comprido". 
(In: As aventuras de Pinóquio, p. 144)

Em Pinóquio, Carlo Callodi nos contá a história de um boneco de madeira malcriado e metido a malandro que acaba por sempre se meter nas confusões mais inusitadas. Originalmente a história de Pinóquio foi publicada em capítulos semanais no Jornal das Crianças, publicação italiana dirigida ao público infantil, e talvez por isso carregue um tom moralista. A cada vez que Pinóquio se vê em apuros por conta de sua preguiça, ambição, insolência e desobediência os jovens leitores são chamado a refletir sobre o que acontece aos meninos maus.

Mas apesar do tom moralista presente na história é impossível não se divertir lendo sobre as confusões em que Pinóquio se envolve. Meu episódio favorito é aquele em que Pinóquio é convencido a partir para o país dos folguedos onde as crianças não precisam ir a escola e passam seus dias brincando. Mas é claro que isso tem uma consequência que leva o nosso querido Pinóquio a mais uma série de novas aventuras.

Além de seu pobre pai Gepetto. Pinóquio é sempre socorrido pela boa fada de cabelos turquesa até que em algum momento, após tanta traquinagem, Pinóquio aprende sua lição e literalmente se transforma em um bom menino. 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Desafio Literário - Fevereiro: um clássico mundial

Anônimo. Livro das mil e uma noites, volume 1: ramo sírio [introdução, notas, apêndices e tradução do árabe: Mamede Mustafa Jarouche.] - 3 ed. São Paulo: Globo, 2006. 



"Este mundo é ilusão, e o homem é  imagem transitória: mal chega e já se foi". (In:  Noite 138: O jovem de Mossul e sua namorada ciumenta - p. 310)

Para o mês de fevereiro do desafio literário - um livro clássico mundial - minha escolha: Mil e uma noite volume 1.

Neste primeiro volume das Mil e uma noites conta-se que um rei chamado Sahzaman foi  traído pela esposa e após matá-la e também amante resolve seguir viagem para a casa do irmão mais velho Sahriyar. Acontece porém que Sahriyar também era traído pela esposa. Então Sahzaman, o irmão mais moço, que estava abatido por sua condição de homem traído volta a se alegrar porque até mesmo o seu irmão mais velho, Sahriyar, que é um rei poderoso foi traído por sua esposa. 

Sahriyar por sua vez fica revoltado com a infidelidade das mulheres e toma a decisão de a cada noite casa-se com uma mulher e na manhã seguinte executá-la e assim ele não seria mais traído por uma esposa. Essa conduta do rei acabou causando pânico na cidade até que Sahrazad, filha do vizir do rei, decide casa-se com Sahriyar. Mas Sahrazad tinha um plano: a cada noite ela iria entreter o rei com espantosas histórias. 

Esse primeiro volume das Mil e uma noites contém 170 noites de histórias contadas por Sahrazad aos rei Sahriyar. É interessante notar que basicamente em todas as narrativas de Sahrazad suas personagens também contam suas histórias para salvar suas vidas. Outra curiosidade é que no livro tem algumas insinuações sexuais, algumas até bem explícitas, principalmente na primeira parte do livro onde estão sendo apresentadas as circunstâncias que levam o rei Sahriyar a matar suas esposas após as núpcias. E também na 110 noite em O carregador e as três jovens de Bagdá.

Outra situação inusitada e que chama a atenção é que antes do casamento Sahrazad combina com sua irmã mais nova, Dinarzad, o seguinte ardil:
"Minha irmanzinha, preste atenção no que vou lhe recomendar: assim que eu subir até o rei, vou mandar chamá-la . Você subirá e, quando o rei já se satisfez em mim, diga-me: 'Ó irmanzinha, se você não tiver dormindo, conte-me uma historinha'. Então eu contarei a vocês histórias que serão o motivo da minha salvação e da liberdade de toda esta nação pois farão o rei abandonar o costume de matar mulheres". (p. 56)


Pois é, Dinarzad dorme junto a cama  do casal toda noite! Mas de fato, como diz Dinarzad, as histórias de sua irmã são espantosas. Algumas mais enfadonhas mas ainda assim são narrativas insólitas. Gosto mais das que envolvem gênios (ifrit): criaturas com poderes mágicos porém malvadas e em nada lembram o agradável gênio azul da animação da Disney.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Projeto Leitura Cronológica (dos Contos): Histórias da Meia-noite

ASSIS, Machado de, 1839-1908. Histórias da meia-noite (1873). Rio de Janeiro: Nova Fronteira (saraiva de bolso), 2011. 


O livro de contos Histórias da meia-noite publicado em 1873 trás seis contos. O primeiro deles, A parasita azul é quase uma novela e tem todas as características de um folhetim romanesco. Um jovem médico que volta ao Brasil após ter passado oito anos em terras estrangeiras e que chegando em sua terra natal se enfada de tudo e de todos até encontrar na figura de Isabelinha algo para querer se fixar de novo em sua pátria. Um conto cheio de reviravoltas típicas de novela de folhetim mas que consegue prender o leitor.

No segundo conto, As bodas do Luís Duarte, Machado vai narrando os preparativos do casamento de Carlota e Luís Duarte. Mas aqui os noivos parecem quase coadjuvantes o que está em foco e a interação entre os convidados e os discursos que fazem no jantar de casamento. Esse conto me lembrou muito um dos contos de Clarice Lispector, Feliz Aniversário, do livro Laços de Família em que uma família se reúne para comemorar o aniversário da matriarca da família.

Ernesto de tal, é mais um conto no estilo romanesco e trata de um triangulo amoroso que se concluí de uma forma inesperada.

Aurora sem dia é muito enfadonho e longo...é sobre um rapaz que se afoita a poeta e depois político mas depois acaba descobrindo ser um poeta e político medíocre e decide refugiar-se na agricultura.

O relógio de Ouro  tem como tema a suspeita de um adultério e o relógio de ouro o objeto da desconfiança.

O sexto e último conto, Ponto de vista (quem desdenha), encerra com chave de ouro o livro e é na minha opinião o melhor conto do livro. Trata-se de um conto epistolar. Acompanhamos a troca de cartas entre alguns personagens: Raquel, Luísa e Dr. Alberto. Uma pitada de humor e intriga. Gosto de narrativas epistolares...me sinto uma curiosa lendo cartas alheias.

Apesar de alguns bons contos achei que o sua primeira coletânea de contos (os contos fluminenses) mais interessante até o momento.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Entre a fofura e as lágrimas...

ANDERSEN, Hans Christian, 1805-1875. Contos de Andersen. São Paulo: Paulus, 1996.


Que livro lindo! Não só pelos contos mas as ilustrações que também são muito bonitas. As ilustrações são de Matthieu Blanchin.

Acredito que todo mundo conhece Hans Christian Andersen ou se não conhecem o autor com certeza conhecem a sua obra. Ele é o autor de alguns contos que são clássicos da literatura infantil como o patinho feio, a sereiazinha, a princesa e o grão de ervilha, o valente soldadinho de chumbo, a pequena vendedora de fósforos etc. 

Seus contos carregam uma certa melancolia, alguns com finais tristes mas sempre muito bonitos e delicados. Não tem como não se emocionar com a sereiazinha, o soldadinho de chumbo, a vendedora de fósforo. Mas Andersen não é só melancolia ele também tem contos mais engraçados como A roupa nova do imperador. Acho que aquela piada que fazíamos na infância "só enxerga quem for inteligente" pode ser inspiração desse conto.

A leitura desses contos me trouxe uma certa nostalgia da infância e acredito que talvez para Andersen o ar melancólico dos contos simbolize a nostalgia pelos anos da infância, talvez a perda da inocência.

Esta edição contém apenas treze contos da vasta obra do autor são eles: A pastora e  o limpa-chaminés; O pinheiro; Polegaria, O isqueiro mágico; A velha casa; A sereiazinha; O patinho feio; A princesa e o grão de ervilha; O valente soldado de chumbo; O rouxinol do Imperador da China; A pequena vendedora de fósforo; A roupa nova do Imperador e O duende e o comerciante. 

Meus preferidos são: O pinheiro, O isqueiro mágico, A sereiazinha, O patinho feio, O valente soldado de chumbo, A pequena vendedora de fósforo e A roupa nova do imperador.

Aqui algumas das belas ilustrações do livo:





quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Cinco minutos

ALENCAR, José. Cinco Minutos. In: Obra Completa de José de Alencar. Monte Cristo Editora, 2013.


"...a pontualidade é uma excelente virtude para uma máquina
mas um grave defeito para o homem".

Não havia lido sinopse, não havia lido nada a respeito deste livro de José de Alencar, seu primeiro romance. Então foi uma novidade.

O livro, publicado originalmente em 1856 no formato de folhetim no jornal Diário do Rio de Janeiro, obviamente trás consigo a marca do momento literário de então, isto é, o romantismo. Seu tema é principal é o amor casto, algo de inalcançável. A mocinha, é claro, é uma donzela perfeita e o mocinho, um cavalheiro.

No romance, o protagonista, após atrasar-se cinco minutos toma um outro ônibus e lá encontra uma mulher misteriosa, uma figura etérea, que tem seu rosto coberto por um véu e é claro ele se apaixona por essa mulher. E é a busca por esse amor, aparentemente impossível, que serve de motor para o livro. É uma estória curta em dez capítulos mas que provavelmente aqueceu o coração das jovens moçoilas de antanho e que talvez ainda possa agradar o leitor contemporâneo. Definitivamente não é o melhor romance do autor e talvez por ser o seu primeiro romance possa ser considerado fraco.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A corista e outras histórias

THÉKHOV, Anton Pavlovitch (1860-1904). A corista e outras histórias. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. 64p.


A corista e outras histórias trás nove contos de Tchékhov que de forma irônica e bem humorada fala do humano e do ser no mundo. E justamente por falar de sentimentos humanos é um texto atemporal e por isso seus contos ainda são relevantes hoje. Os principais temas dos contos contidos nesse volume são cenas do cotidiano, traição e melancolia.  

Não pude deixar de rir com o conto "a carteira" que fala sobre três amigos atores que descobrem uma carteira cheia de dinheiro e decidem dividir o dinheiro entre eles até que começam a se questionar quem merece mais o dinheiro. A forma como Tchékhov encerra esse conto é quase uma anedota. Por essa mesma via do humor temos o conto "Ele brigou com a esposa". Já com as personagens dos conto "A palerma" e "A corista" você se solidariza com aquelas figuras femininas. Mas o melhor conto  desta edição é, na minha opinião, "A noiva", tão verdadeiro e tão bonito. 


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Esconderijos do tempo

QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. 82 p.




Seiscentos e sessenta e seis

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas:há tempos...
Quando se vê, já é 6ª -feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Contos de Mamãe Gansa

PERRAULT, Charles (1628-1703). Contos de Mamãe Gansa. Porto Alegre, RS:L&PM, 2012. 160 p.


Segundo nos conta Ivone C. Beneditti na introdução desta edição, o livro, Contos de Mamãe Gansa, foi inicialmente atribuído ao filho de Perrault, Pierre, pois Perrault temia críticas dos seus adversários. Mas tarde se esclareceu que Pierre teria coletado as estórias (que eram estórias orais) e Perrault produzido as morais que acompanhavam os contos. Essas morais eram dirigidas as jovens moças.

Depois de ter lido os contos dos irmãos Grimm e depois de ler as versões de Perrault para os mesmos contos percebe-se que as versões da Disney para a Cinderela e a Bela Adormecida foram inspiradas nas versões de Perrault. E ao contrário dos contos dos irmãos Grimm, os de Perrault se aproximam muito mais de um livro infantil dos nossos dias pois seus contos, a exceção de Chapeuzinho Vermelho, são livres de cenas "sangrentas".
  
O livro contém: A Bela Adormecida no bosque, Chapeuzinho Vermelho, Barba Azul, Mestre Gato ou o Gato de Botas, As Fadas, Boralheira ou a chinelinha de cristal, Riqueti de Topete, Pequeno Polegar, Griselidis, Pele de Asno e Desejos ridículos. Sendo os nove primeiros contos em prosa enquanto os três últimos poemas. Embora os narrativas poéticas sejam interessantes gosto mais das narrativas em prosa.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O Jardim Secreto

BURNETT, Frances Hodgson (1849-1924) . O jardim secreto. 1ª ed. São Paulo: Penguin Companhia, 2013.



O Jardim Secreto fez parte da minha infância! Quando eu era criança, nos áureos tempos da sessão da tarde, a adaptação de O jardim secreto (1993) passava várias vezes e eu nunca perdia nenhuma.

O livro conta a estória de Mary Lennox, uma garotinha solitária e mal-humorada que após a morte dos pais na Índia foi morar na mansão do tio na Inglaterra, Yorkshire. Lá ela encontra muitos mistérios, barulhos noturnos semelhantes a um chora de criança e um jardim que estava trancado há 10 anos e de acordo com o renascimento do Jardim Mary também vai se modificando tornando-se uma pessoa melhor. O mesmo ocorre com o seu primo Colin que era um menino isolado e doentio e que é transformado pela "mágica" do jardim. 

O jardim secreto conta com personagens adoráveis como Dickon, o menino encantador de animais, Martha, uma das criadas da mansão quem primeiro introduz Mary a magia do lugar, Susan Sowerby, a boa mãe de Dickon e Martha e  Ben Weatherstaff,  o zardineiro ranzinza.

Esse é um dos meus livros infantis preferido. Ele é contado de uma maneira delicada e poética é não há como não se apaixonar por essa estória. Entretanto, me chateia um pouco que na parte final do livro a personagem Mary Lennox seja praticamente esquecida sendo que foi foi por conta dela que aqueles eventos  foram possíveis. O Colin passa a ser o destaque da estória enquanto a Mary é negligenciada e na minha opinião Mary é uma protagonista muito mais interessante que Colin mas apesar disso o livro é lindo.

FILME x LIVRO


No filme os pais de Mary morrem após um terremoto. No livro, eles morrem de cólera.

No filme Medlook é uma mulher tirana. No livro é apenas uma mulher reservada, mas nada de malvadezas.

No filme as mães de Mary e Colin são irmãs gêmeas. No livro, na verdade, o pai de Mary que era irmão da mãe de Colin.

No filme é dito que Mary se parece com a mãe de Colin enquanto Colin não se parece com ela. No livro, ao contrário, Colin tem os olhos iguais de sua mãe.

No filme Mary encontra a chave do jardim numa gaveta nos pertences da mãe de Colin. No livro a chave é encontrada na propriedade próximo ao jardim secreto.

No filme os personagens do livro, Susan Sowerby e do Dr. Caven, são omitido.


NOVA ADAPTAÇÃO

Ano passado surgiu uma notícia de que o livro de Frances Hodgson ganharia uma nova adaptação produzida por Guilhermo del Toro. Vamos aguardar!

domingo, 19 de janeiro de 2014

Era uma vez...

GRIMM, Jacob; Wilhelm. Contos maravilhosos infantis e domésticos - 1812-1815 [tomo I eII]. São Paulo: Cosac Naify, 2013.


Um dos meus sonhos de consumo literário era a obra completa dos irmãos Grimm. Final do ano passado realizei esse sonho e esse ano li os Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos dos  irmãos Grimm. 

Quando eu era criança e morava no interior minha bisavó contava muitas estórias. Lembro de sentar com alguns primos no alpendre da casa dela enquanto ela nos contava estórias de princesas e príncipes ou simplesmente meninos e meninas que saiam em busca de aventura. Mais tarde descobri que muitas daquelas estórias tinham um pezinho nos contos dos irmãos Grimm ainda que as versões de minha bisavó fossem um pouco diferente das versões contidas no livro, algumas também continham passagens "sangrentas". 

Agora, depois de finalmente ler a coleção de contos, notei que de fato as estórias da minha bisavó eram realmente inspiradas em alguns contos dos irmãos Grimm mas eram também acrescidas de alguns elementos da nossa própria cultura do interior que ela sabiamente modificava para ficarem mais próximos da nossa realidade embora fossem estórias fantásticas.

Esta edição da Cosac Naify, em comemoração ao bicentenário dos contos dos irmãos Grimm, tem tradução direto do alemão da primeira edição dos contos e conta com dois tomos.  Os contos contidos nesses livros não são de autoria de Jacob e Wilhelm Grimm. Na verdade, essas estórias faziam parte da tradição oral dos camponeses e os irmãos Grimm as coletaram e reunião em livro com o objetivo de manter viva a tradição oral alemã e a sua própria língua. Mas Jacob e Wilhelm atenuaram muitos dos finais das estórias visto que a coleção de contos se dedicava ao publico infantil. Embora ainda haja muito sangue, mutilações e crueldades para a visão politicamente correta dos livros infantis de hoje.

Se você está acostumado ao mundo feliz e colorido da Disney pode estranhar bastante as versões dos irmãos Grimm. Por exemplo, em A gata borralheira (Cinderela), as irmãs malvadas mutilam parte do pé para calçar o sapatinho. E em Rapuzel quando a fada Gothel descobre que Rapunzel está grávida, após algumas visitas noturnas do príncipe,  ela corta os cabelos de Rapunzel e engana o príncipe o deixando cair da torre e este acaba cego após furar os olhos nos espinhos.

A minha única ressalva ao livro é que conforme se avança na leitura os contos passam a ficar um tanto repetitivos. Por exemplo, em quase todas as ocasiões em que alguém se perde na floresta e recebe ajuda de algum animal ou figura fantástica este pede como recompensa a primeira coisa que o sujeito tocar quando voltar pra casa e em geral é sempre a filha querida. Mas isso não tira o mérito das estórias e se você gosta de contos fantásticos com certeza irá aprecia-los.  

Meus contos preferidos: João e Maria, A senhora Holle, O gato de botas, O pássaro de ouro, Mil peles, O Jardim de Inverno e o Jardim de Verão, A pastora de gansos, O nariz comprido, A velha na floresta.